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Infância Consumidora

Autora: Bióloga e Professora Débora Cristina Schilling Machry

Os personagens infantis nas propagandas de produtos encravam em suas mensagens o consumo como solução rápida de problemas. Consumidores sem dentes ou mesmo sabem falar. O mundo inteiro prepara novos clientes desde muito cedo. Mesmo as doces histórias infantis, pregam no lado esquerdo e direito do cérebro, sentimentos e desejos nos infantes, “soldadinhos da economia”. De um comercial para outro só mudam os personagens que “enfeitiçam” as crianças. O imaginário pueril é corrompido e sonhos materiais são plantados no solo fértil desta fase.

As festas de família fecham com chave de ouro este período. Com a alegria momentânea nossos “pequenos” curtem seus brinquedos por alguns dias, já pensando em novos recursos.

No próximo Natal, os divertimentos serão outros e em muitas residências a festa passada só gerou muito resíduo sólido, pois não há mais atrativos, seu magnetismo e “segredos” já foram desvendados. Há também personagens que dão coragem no dia da vacinação por exemplo ou no dia de consultar um médico ou dentista. Então o que fazer? É importante que seja desenvolvida a leitura socioambiental das crianças. Nossa garotada precisa ser desenvolvida na leitura crítica de mundo, na observação silenciosa de fatos e intenções, nos recursos humanos e naqueles extraídos da natureza. Deve ser um habitante terrestre com atitudes sustentáveis que não gerem desigualdades sociais, ambientais, culturais e muito menos lixo. Precisamos consumir, afinal somos heterótrofos (nos alimentamos e vestimos do que outros seres vivos ou não-vivos nos oferecem). Devemos ficar atentos às emoções que o gasto pode gerar: ciúmes, avareza, cobiça, inimizades ou felicidade, sustentabilidade, partilha e doação? A inspiração dentro de nós traduz quem somos. Por isso, preste atenção nas suas próximas compras de Natal, tire o “óculos cor de rosa” para ver, ouvir, sentir o que os comerciais nos vendem. A Terra já está cheia de entulhos, que por serem descartados inadequadamente irão chegar às praias que você adora levar sua família, nos parques próximos de sua casa. Seja um personagem da vida real que todo mundo quer imitar: plante árvores, leia, observe o meio ambiente, preserve áreas verdes.Reflita se é, realmente necessário, tantas embalagens, sacolas plásticas, detalhes inúteis que são desperdiçados quando rasgamos os pacotes. Faça um Natal criativo, doe primeiro antes de fazer novas compras, seja fraterno no Natal e Ano Novo pois são os sentimentos cultivados nestas festas: amor, gratidão e doação que são lembrados eternamente.