Um amor de crochê
Texto Bióloga e Professora Débora Cristina Schilling Machry
Ponto, por ponto. Cada trançada
na linha, revela o cuidado e o zelo amoroso pela obra criada. A figura copiada
para o fio da linha é contada milimétricamente em pontos matematicamente
criados. Quando, por algum motivo acontece um erro na contagem, há necessidade
de desmanchar calmamente. Verdadeiras rendas cheias de histórias são tecidas
com aquelas mãos cheias de sabedoria e paciência: um crochê de afeição,
dedicação, paixão e afeto. O amor de mãe é imenso. Minha mãe é uma grande
crocheteira. Uma pessoa incrível que
possui talentos generosos e ousados. Meu pai, o “Toco”, sempre dizia que minha
mãe era bonita. Concordo com ele. Abreviam seu nome e a chamam de "Mira".
Meu pai, muito criativo dizia que era porque estamos sempre na sua mira para
nos dar carinho, atenção, paciência e amor. Ela, tece obras lindíssimas para
organizar nossa casa e nossa vida. Miraní vive cada dia fazendo seu trabalho
artesanal em nossas vidas: dando conselhos experientes, rezando por todos que
precisam, enfim trazendo felicidade a todos que dela precisam. Minha mãe é
muito forte. Ela passou por situações diárias com seus três filhos, que eu como
mãe não sei se teria tido forças para encarar. Mira, não deixava e não deixa o
peso dos anos abalar seu espírito aventureiro. A coragem e força de uma mãe, vem
do seu filho, é um grande vínculo que a mãe natureza deu a alguns seres humanos.
Alguns pais são verdadeiras mães: penteiam os cabelos dos filhos para irem à
escola, abraçam-nos e os abençoam. Pequenos gestos que ficam para toda vida.
Infelizmente nem todos os meus alunos têm mães e pais tão atenciosos. Meus
irmãos e eu, somos agraciados pela “Mira” que temos. Uma colega me
confidenciava esses dias: que saudades tenho de sentar e conversar com minha
mãe. Tomar aquele café que só ela sabia fazer!
Nem consigo pensar naqueles filhos que esquecem de suas mães o ano todo.
Não as visitam, só lembram delas no segundo domingo de maio.
Mãe também erra e precisa
desmanchar alguns pontos errados durante a vivência entrelaçada de sua vida com
seus filhos. No entanto, assim como ela teve muitas vezes tolerância com você,
há também de haver tolerância com ela. Nosso umbigo é a cicatriz que comprova
nossa relação fetal. Algumas mães que não geraram seus filhos têm esta cicatriz
no coração. O que realmente importa é se amamos nossa mãe.
Meu filho me disse que me ama
porque veio do meu sangue e eu digo o mesmo para minha mãe que faz lindas obras
com um amor de crochê.
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