Nós somos o que comemos!
Autora: Débora Cristina Schilling Machry
O Brasil está obeso. Todos os dias acordamos com
apelos publicitários cheios de açúcares e gorduras para saciar nossa fome. Jovens estão obesos. A falta de fracionamento na
alimentação, aliada ao exagero consumido em cada um, dos escassos horários de
refeição denotam depois de alguns anos o aumento de pessoas insatisfeitas com
seu peso. A ignorância sobre o tema ou o conhecimento restrito sobre a
fisiologia do sistema digestório também contribuem para o desânimo do controle
alimentar.
A palavra digestão vem do latim, e significa separar
ou dissolver. O processo inicia na boca e termina no ânus. A digestão necessita
dos cinco sentidos para se efetivar. O aroma, a cor dos alimentos, a sua maciez
ou crocância, seus sabores e consistência influenciam no processo fisiológico
da digestão. Não se trata de um processo automático. O corpo precisa de um
tempo para “entender” que você está comendo. Não há solução mágica, dormir
gordo e acordar magro, por exemplo. Existem estratégias vitais para nossa
saúde. Os cuidados com nossa boca, nossos dentes são cruciais. Os dentes,
rasgam, furam e trituram o que comemos e nossa saliva faz um bolo, a epiglote
“fecha” a faringe e evita que o alimento vá para os pulmões. O alimento
atravessa nosso esôfago e chega ao estômago através de ondas musculares,
chamadas ondas peristálticas. Depois de três horas, o quimo (tem aspecto
esbranquiçado) segue pelo duodeno, intestino delgado, intestino grosso e ânus.
Em nossa
gengiva, junto à raiz dos nossos dentes, o tecido epitelial (de cobertura) é
“aberto”. Se houver alguma infecção no dente, que penetre os vasos sanguíneos, a
pessoa pode ter sérias complicações. Incluem-se neste caso meningite e outras
doenças que se dirigem diretamente para a corrente sanguínea por falta de
proteção. Os dentes sensíveis não deixam que você mastigue corretamente seus
alimentos. Com isso sua digestão é prejudicada.
Os alimentos doces têm muita acidez. Esta acidez
reage com o cálcio dos dentes das pessoas que não têm escovação regular. Os
dentes mais sensíveis e menos protegidos se transformam em “portas” abertas
para cáries. Este processo pode ser facilmente visualizado quando colocamos um
ovo cru, dentro de uma vasilha coberto com vinagre. O cálcio reage com o
vinagre, e sobra apenas a membrana envolvendo a clara e a gema, parcialmente
degradadas. Esta prática pedagógica, intitulada de “Ovo de Borracha” foi
desenvolvida para comprovar a importância da escovação dentária. Ao pegar o
ovo, ele fica fofo, como uma bola de borracha. Como a membrana do ovo é porosa,
o vinagre, que é ácido, penetra a gema e a clara e as digere parcialmente. Este
experimento também esclarece o processo de digestão no estômago: o vinagre
representa o ácido clorídrico que digere as proteínas.
Nosso sistema digestório é muito organizado. Misturamos
tudo que comemos, mas é em nossa boca e no intestino delgado que digerimos os
carboidratos, no estômago são degradados os alimentos proteicos e as gorduras
são degradadas no duodeno com a ação do suco biliar. É também no duodeno que é derramado o suco pancreático para
continuar a degradação dos açúcares que não foram digeridos completamente na
boca. As gorduras caem diretamente na corrente sanguínea enquanto os demais
grupos passam pelo sistema chamado porta-hepática (fígado) para sua
desintoxicação. Daí a vitalidade do fígado.
A solução para a cura dos problemas com a
alimentação incorreta, perpassa comer de maneira fracionada, lentamente, comendo
fibras cruas das frutas e verduras, bebendo dois litros de água pura para
evitar a constipação.
De posse de alguns conhecimentos, os alunos
obesos ou não poderão criar algumas estratégias saudáveis para sua vida. Para
isto se os educandos entenderem quais são os grupos alimentares, seus exemplos
e suas funções ficará mais fácil para criarem táticas saudáveis, fáceis de
serem cumpridas e que não exigem grandes mudanças, apenas um planejamento e
persistência no projeto.
Os alimentos reguladores são formados
por vegetais - fornecem fibras, vitaminas e minerais muito importante para a
saúde e bom crescimento do nosso corpo. Os vegetais devem ser consumidos nas
principais refeições. Exemplos de vegetais: couve, repolho, alface, cenoura,
pepino, brócolis e etc. As frutas também
fornecem fibras, vitaminas e minerais para o nosso corpo. As frutas são boas
opções para lanches, sobremesas e sucos. Devemos consumir diversas frutas para
absorvermos todas as vitaminas que nosso corpo precisa. Exemplos de frutas:
maçã, laranja, banana, bergamota, melão e etc. Os alimentos, ricos em
carboidratos, são a principal fonte de energia para o nosso corpo. Por isso os
carboidratos devem ser consumidos em várias refeições. Exemplos de alimentos
ricos em carboidratos: cereais, pães, arroz, macarrão, batata, mandioquinha e
etc. Devemos consumir uma pequena quantidade de lipídios, porque as gorduras
também fornecem energia para o crescimento e ajudam na formação de hormônios.
As gorduras são alimentos muito calóricos, por isso não devem ser consumida em
excesso, porque podem causar obesidade. Exemplos de gorduras: margarina,
manteiga, óleos, açúcar, chocolate e etc. Os alimentos construtores: os
laticínios são responsáveis pelo crescimento e boa formação dos ossos. Exemplos
de laticínios: leite, queijo, iogurte e etc. Carnes, ovos e feijões são maior
fonte de proteína na nossa alimentação. Estas proteínas são muito importantes,
porque ajudam no crescimento e reposição celular do nosso corpo. As carnes,
ovos e feijões devem ser consumidos nas refeições principais, como almoço e
jantar.
A nossa alimentação retrata muito do que somos.
Uma alimentação controlada denota planejamento. Exige trabalho duro. Nosso
cérebro necessita vinte minutos para saciar-se. O hormônio da fome, a grelina
precisa baixar para que nos saciemos. Então, comer em um lugar tranquilo,
mastigando lentamente os alimentos são ações que contribuem para nossa refeição
equilibrada. Beber água pura contribui o trabalho dos rins. No Rio Grande do
Sul, tomamos muito chimarrão. Não é o mesmo que tomar água, pois os rins
precisam purificar o sangue do pó da erva que tomamos. Só a água pura tem o
poder de limpeza e desintoxicação. A água pura acalma e também alimenta. É um
exercício diário de autoconvencimento.
O efeito dos açúcares antes de uma refeição pode
ser uma tática interessante. Se chuparmos uma bala, dura, de açúcar, quinze
minutos antes do almoço, olharmos e sentirmos os aromas da refeição sem perder
a atenção ao nosso prato, nos saciaremos mais rápido. A bala serve para avisar
nosso “cérebro” da nossa alimentação. Evitaremos a voracidade e assim,
mastigando lentamente os alimentos baixaremos a grelina.
Nosso corpo se prepara para a refeição, as
enzimas digestivas ficam concentradas. Bebendo água ou outros líquidos com a
comida diluímos estes “detergentes aceleradores”. Só bebe água com a comida
quem não mastiga. Os líquidos ingeridos servem para empurrar o alimento. Isto é
incorreto. Nascemos “regulados”, nos alimentávamos a cada 3 horas e logo em
seguida defecávamos. Por que este processo não continua em muitas pessoas? Se
não for por uso de medicação, muitas vezes é pela falta de uma alimentação
regrada. Nosso estômago precisa de tempo para liquefazer nossas proteínas. As
enzimas digestivas, agem especificamente sobre um determinado alimento. São
como chaves que abrem portas, por isso sua especificidade é chamada de modelo
chave-fechadura. Nossos intestinos
demoram para degradar o que ainda está “grande”. É necessário pelo menos três
horas para que nosso organismo faça seu trabalho. Como já foi mencionado nosso
corpo é minunciosamente organizado, apesar de comermos tudo misturado.
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