Raízes Eternas
Texto Bióloga e Professora Débora Cristina Schilling Machry
Meu pai, o “Toco” (ele explicava
que “toco" não tem lado, é redondo e se adapta à vida), me ensinou que, se
aprendermos a plantar, nunca passaremos fome. É uma verdade! Antes de falecer,
em 2012, na cadeira de rodas, meu Velho me ensinou a plantar aipim. Sentado,
ele me explicava a direção que a rama ( muda da raiz) devia ser enterrada e a
sua posição em relação à luz solar. Em abril 2015, arranquei do solo o último
pé de aipim que plantamos juntos: 25 quilos de alimento, nutritivo, energético
e saboroso. É claro que me emocionei. A família se reuniu para comemorar a
atividade: tirar fotos do vegetal, serrar as raízes que eram enormes,
descascar, cozinhar, relembrar histórias
vividas e redescobrir outras aprendizagens. Sim, mesmo depois de
desencarnado, meu amado genitor deixou aprendizagens com as suas plantações.
São raízes eternas que ficam encravadas na alma da gente. Este registro vivo e
alimentício é significativo e me lembra de que uma árvore quando é derrubada
leva consigo dezenas de vidas: formigas,
outras plantas que vivem sobre ela, insetos, aves, mamíferos ( abrigo e
proteção), e etc. Ensino meus alunos a plantarem. Para preservar o ambiente é
necessário conhece-lo e preservá-lo. Se os ecossistemas forem destruídos como
vamos ensinar e educar para resguardar a vida de todos os cinco reinos
terrestres?
Aprendi e aprendo muito ainda,
mas para expandir o que sei preciso contagiar pessoas, para que as grandes empresas e corporações
sejam pressionadas a poupar e economizar os recursos naturais que são sim,
escassos e delicados. As cadeias alimentares precisam de equilíbrio para que o
mundo inteiro não seja mais ameaçado. A sustentabilidade de nossas pequenas
ações evitará risco de esgotamento planetário.
Temos deveres com a natureza.
Desde que o homem habita o planeta, os recursos são retirados para consumo. Só
o ser humano mata por matar, não precisa se quer de ameaça. Mas há muito tempo
temos consciência disto e por isso nossa obrigação é de fazer bom uso do que
nos é fornecido ( neste artigo, lembro dos alimentos orgânicos). Somos o que
comemos. Lembre-se comemos agrotóxicos, antibióticos, hormônios, alimentos
transgênicos e etc.
Você pode e deve plantar seus
próprios alimentos. Basta planejamento, adequação de seus espaços e boa
vontade. Depois é só colher os bons frutos, convidar os familiares e amigos
para polir a amizade e criar raízes eternas de afeto, zelo e cuidado. A
natureza sobrevive e você descobre novas habilidades e competências pessoais. Vendo
sua beleza interior, você fica próspero e satisfeito você deixará as outras
pessoas encantadas com seu “brilho sustentável.” Crie raízes eternas!!!
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