Educação
Popular Socioambiental através da Agenda 21
Autora: Débora Cristina Schilling Machry,
Bióloga
1. Contextualização da Agenda 21 das
Sub-Bacias de São Leopoldo:
Em São Leopoldo, há oito arroios: I - Sub-Bacia do
Arroio Kruze; II - Sub-Bacia do Arroio Sem Nome; III - Sub-Bacia do Arroio
Peão; IV - Sub-Bacia do Arroio Gauchinho; V - Sub-Bacia do Arroio Cerquinha; VI
- Sub-Bacia do Arroio da Manteiga; VII - Sub-Bacia do Arroio Portão-Bopp; VIII
– Sub-Bacia do Arroio João Corrêa.
Cada um destes
mananciais tem um curso próprio nos bairros:
Kruze:
Campestre (parcial), Santo André, São José (parcial), Rio Branco, Morro do
Espelho, Fazenda São Borja, Pinheiros (parcial) e Centro (parcial).
João
Corrêa: Duque de Caxias, Santa Tereza, Jardim América, Padre Réus, Cristo
Rei, Morro do Espelho, Centro, São Miguel, Vicentina, Fião, São João Batista.
Manteiga: Arroio da Manteiga (parcial),
Boa Vista (parcial).
Cerquinha: Boa Vista (parcial),
Scharlau (parcial), Campina, Rio dos Sinos, Santos Dumont ( parcial).
Bopp: parte do Manteiga e Boa Vista.
Sem Nome: Feitoria (parcial), e Pinheiros (parcial).
Peão:Campestre (parcial), Feitoria
(parcial).
Gauchinho: parcialmente Santos Dumont e
Scharlau.
2. Problemas ( “ Pedras do Caminho” ):
Após a
mortandade registrada em 2006 no Rio dos Sinos a população se sensibilizou com
a agonia da vida aquática e com a qualidade e a quantidade de água potável na
cidade.
O abastecimento
de água e tratamento de esgoto é feito pelo SEMAE (autarquia), portanto é um
serviço particular.
Em uma das
saídas de campo com o Coletivo Educador, no percurso pelas vertentes dos
arroios, o grupo ambiental se surpreendeu com as águas límpidas das vertentes do
Rio dos Sinos, que percorriam os “pulmões verdes” de nossa cidade. Os espaços
verdes amenizam o calor durante o dia e à noite garantem uma brisa refrescante
amenizando o frio. Durante o trajeto o grupo ficou preocupado com situação
crítica da poluição na foz do arroio João Corrêa.
Há falta de
cuidado em todas as sub-bacias: muito resíduo sólido a céu aberto e falta
consciência socioambiental. Muitos moradores da cidade ainda fazem dos
mananciais um “aterro aquático” de todo o descartado (pneus, geladeiras, sofás,
pias, camas...). Os resíduos, apesar da coleta seletiva, ainda são jogados diretamente
nas ruas, nos bueiros, nos arroios e no rio. Todos os rios chegam ao
mar!
A quantidade de
resíduo retirado da beira dos arroios, após o deslocamento das famílias para
novas áreas regulares deixa muito visível a falta de cuidado com a
natureza. Em alguns trechos de alguns
arroios a revitalização das margens com a limpeza e plantio de árvores já é
realidade. Mas há bastante por fazer!
O poder público
e a sociedade são responsáveis pela preservação e conservação dos cursos d’água
bem como das sub-bacias (áreas de preservação permanente). É urgente a
população participar da gestão do Plano
Diretor da cidade através e das Audiências
Públicas. É crucial a formação socioambiental continuada, o debate, o
aperfeiçoamento e fortalecimento das relações sociais. Enfim, exercitar a
cidadania consciente, eficiente e responsável.
3. Retirando
as “Pedras do Caminho” para alcançar o “Sonho” de um mundo mais justo
Em São Leopoldo, sou professora de Ciências da Natureza e tenho organizado
formação continuada sobre o tema Mortandade com o Coletivo Jovem de duas escolas municipais. É formado por grupos de alunos em condições de vulnerabilidade
social e ambiental.
Segundo
Ministério do Meio Ambiente:
“Coletivos Educadores são conjuntos de instituições
que atuam em processos formativos permanentes, participativos, continuados e
voltados à totalidade e diversidade de habitantes de um determinado território.
O Coletivo Educador é, ao mesmo tempo, resultado e realizador do Programa Nacional
de Educação Ambiental (ProNEA) e do Programa Nacional de Formação de Educadoras
e Educadores Ambientais (ProFEA). O papel de um Coletivo Educador é promover a
articulação institucional e de políticas públicas, a reflexão crítica acerca da
problemática socioambiental, o aprofundamento conceitual e criar condições para
o desenvolvimento continuado de ações e processos de formação em Educação Ambiental
com a população do contexto, visando a sinergia dos processos de aprendizagem
que contribuem para a construção de territórios sustentáveis”.
O “sonho” (Objetivo Geral) para a agenda 21 do
Coletivo Educador é alcançar o planejamento integrado da gestão ambiental
comunitária e identidade cultural, atingindo gradativamente toda a comunidade
do arroio Arroio Kruse em que se formam os Com-vidas (grupos dialogam entre si, para
reforçarem suas práticas e para agirem nas necessidades que surgem dentro dos
“fóruns dos arroios”).
4. “Colocando a mão na massa”:
planejamento e ações!
Os objetivos específicos destinam-se à conservação
e/ou melhoria da quantidade e da qualidade da água dos cursos d’água do
município bem como de sua preservação e
racionalização do uso das águas subterrâneas:
1. estabelecer
o controle social da gestão das sub-bacias, por parte de todos os segmentos da
sociedade pois acreditamos no potencial transformador e crítico das pessoas
para obterem um mundo mais justo e sustentável.
2. Avaliação crítica e construtiva ( coerência entre pensar,
falar, o sentir e o fazer) ;
3. participar de um Fórum Municipal da Agenda 21 Local e Regional e garantir a
continuidade e permanência do processo educativo;
4. promover
e atuar com transparência na implementação da educação ambiental na sub-bacia.
5. Resultados alcançados (“mais próximos do
Sonho”):
Há 8 anos o
Coletivo Educador Jovem se mantém trabalhando no e pelo ambiente através do Projeto Fiel ao Resíduo Sólido. Em cada ano de projeto dos participantes, são
apresentados resultados, ocorrem avaliações do que foi desenvolvido, trocas
solidárias de produtos e de ideias sustentáveis.
A rede de parceiros
faz palestras, mobilizações ambientais, plantio de mudas de árvores nativas,
navegações orientadas pelo Rio dos Sinos para educação ambiental, oficinas de
conscientização sobre resíduos sólidos, capacitação sobre cuidados com a
dengue, como fazer biodigestores e plantio nas hortas escolares, primeiros
socorros, uso de plantas medicinais, visitações (E.T.E , E.T.A, Aterro
sanitário) e muito mais.
Em 2013
ocorreu a publicação de um modelo de agenda
21 de “Bolso” com o trabalho das comunidades participantes.
6. Conclusões Parciais da Agenda 21:
O grupo está satisfeito com os
resultados, pois conseguiu a produção e a disseminação de materiais
didático-pedagógicos e instrucionais. Sistematizou, disponibilizou informações
sobre experiências exitosas e apoiou novas iniciativas, mas entendemos que será necessário muito
empenho e consciência ambiental para solucionar, produzir e aplicar
instrumentos de acompanhamento, monitoramento e avaliação das ações para os problemas enfrentados pelos nossos arroios.